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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Melanoma


Melanomas são proliferações neoplásicas malignas de melanócitos que frequentemente acometem os cães e raramente se desenvolvem em outras espécies. Os cães com idade variando de 3 a 15 anos podem ser acometidos, mas a incidência maior desses tumores ocorre entre 9 e 13 anos. Os fatores etiológicos dos tumores melanocíticos em cães não estão bem definidos. No homem acredita-se que o melanoma seja induzido por exposição solar aguda precedida de um longo período sem exposição. O melanoma trata-se de lesão pigmentada na pele, podendo exibir padrões morfológicos distintos, que podem variar entre lesão ulcerada, lesão em placa, mácula, nódulos ou tumor. O melanoma tem origem em melanócitos e apresenta atividade juncional marcante. O melanoma pode conter melanina ao redor de 80% e ser amelanótico nos 20% restantes. Os melanomas causam metástase nos linfonodos regionais e nos pulmões, não sendo comum em outros locais. Pode-se tentar a extirpação cirúrgica, e a resposta ao tratamento cirúrgico varia com o tipo de tumor e a localização. Os melanomas respondem de maneira regular e a maioria apresentam um prognóstico ruim. A quimioterapia não é efetiva com nenhum fármaco nos tipos de câncer da cavidade bucal com potencial de metástase. Alguns autores citam a combinação de doxorrubicina e ciclofosfamida com alguma resposta em cães. 

Atendemos um Cocker Spaniel de 10 anos de idade, macho, apresentando nódulo em lábio superior com aspecto ulcerado aparência de cacho de uva, acastanhado, cerca de 3 cm. Proprietário relatou que o nódulo cresceu em 4 meses. Animal não apresentou ao exame clínico nenhuma alteração. Foram coletados exames laboratoriais e os resultados foram satisfatórios. Foi sugerida a retirada cirúrgica com margem e avaliação histopatológica do nódulo. O resultado foi de Melanoma com presença de melanina. Foram pesquisadas evidências de metástase, ausentes até o momento. Foram solicitadas avaliações semestrais para realização de exames. Foram feitas modificações na alimentação e acrescentado suplementação com Omega 3 e Arginina. O animal se encontra bem e até o momento não houve recidivas e nem metástases.




Dra. Mallize Gonçalves
Médica Veterinária
CRMV-SP 21.291

sábado, 12 de fevereiro de 2011

A Despedida de um Cão


      "Neste momento só tenho que lhe agradecer...agradecer por ter me acolhido, ter cuidado de mim a vida toda,  me proporcionado momentos felizes e inesquecíveis, me dado uma família, um lar, essas lembranças levarei comigo aonde eu estiver!!
    Obrigado pela infinita paciência você me ensinou a ser um cão obediente...obrigado por ter perdoado tantas estripolias, tantas destruições, fiz tantas coisas erradas em seu tapete (era mais forte do que eu aquele cheiro me atraía muito), destruí tantos sapatos novos, arranhei tanto seu carro na tentativa de subir no banco (os passeios de carro eram meus prediletos), e o pior de todos era os buracos que fazia no seu quintal, cavando cavando, ahh aquele cheiro da terra eu me divertia enterrando meus brinquedos! 
    Você para mim sempre foi a pessoa mais importante, colocava meu alimento, me escovava, me oferecia água sempre fresquinha e me deu muito, muito carinho....
     Eu contava as horas todos os dias esperando você chegar do trabalho para te receber com muitas lambidas e pulos, algumas vezes você não tinha tempo para mim, mas sempre compreendi a pessoa ocupada e a vida corrida que tinha....
    Quantos passeios pelas manhãs de domingo, e como eu te arrastava de tanta ansiedade para ver os amigos da rua, as vezes arranjava confusão e você me salvava com uma varinha, você dizia que eu não tinha tamanho para enfrentar aqueles cães fortes!! 
   E os banhos de esguicho que você me dava, ah eu amava a água fresca escorrendo no meu pêlo, e a melhor parte era de me chacoalhar e te molhar inteira,  eu não gostava daquele xampu que ardia meu nariz e nem do perfume que me fazia espirrar, espirrar....
     Você nunca me deixou faltar nada e cuidava de mim como um filho e uma pessoa da família!!
  Obrigada por tantos cuidados e preocupações, tantas idas ao veterinário, tudo bem que eu tinha medo daquele homem de branco e de cheiro estranho que todas vez me dava agulhadas, fazia algumas coisas estranhas em mim, mas você sempre dizia que era para o meu bem, então me sentia seguro...
   Os anos se passaram, envelheci e hoje adoeci, sei que agora não tem volta e nem recuperação, sinto que estou partindo, minha respiração está fraca, minhas patas estão enfraquecidas, não consigo mais levantar, não consigo te enxergar como antes, só sinto que está por perto me acariciando. Peço que não chore, nfelizmente meu tempo de vida é muito mais curto que o seu e não poderei ser teu companheiro pela vida toda...
  O que mais me conforta depois de tantos anos de convivência é que transformei você em uma pessoa melhor, mais sensível, amiga, amorosa e solidária. O mundo seria melhor se todas as pessoas tivessem um bichinho de estimação, descobririam o verdadeiro significado de amizade, fidelidade e pureza !! 
  Muitas pessoas não compreendem nossa missão aqui na terra, que é transformar vocês humanos em pessoas melhores, muita gente não enxerga que somos seres puros e inocentes e nos encaram de forma totalmente errada!! E é apenas isso que somos seres puros, inocentes e cheios de amor para dar, muitas vezes vocês humanos que nos transformam em seres agressivos, indóceis e amargos como muito de vocês!!
   Já eu só tenho a agradecer a vida digna e feliz que me destes e lhe faço o último pedido  nunca deixe meu espaço vazio, se puder o preencha com outro ser como eu, não para me substituir, mas para continuar minha missão de tornar você cada vez melhor e especial!!" Jamais te esquecerei aonde eu estiver, obrigado!!




Escrevi este texto como uma forma de consolo para meus clientes que perdem seus animaizinhos, essa situação é muito triste e embaraçosa, e é nosso papel consolar e amenizar essas pessoas que fazem parte de nossa vida!! 



Dra. Mallize Gonçalves
Médica Veterinária
CRMV-SP 21.291

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Doença Intestinal Inflamatória

A DII hoje é reconhecida como uma das causas mais comuns de vômitos e diarréias em cães e gatos. O termo doença intestinal inflamatória descreve um grupo de doenças intestinais crônicas que são caracterizadas por uma infiltração difusa dentro da lâmina própria por várias populações de células inflamatórias, incluindo linfócitos, plasmócitos, eosinófilos, neoutrófilos e macrófagos. As doenças inflamatórias mais diagnosticadas em gatos são a enterite linfocítico-plasmocítica, a enterite linfocítica benigna e a colite linfocítico-plasmocítica. Em cães, os tipos mais comuns de DII são a enterite linfocítico-plasmocítica e a colite linfocítico-plasmocítica. As causas definitivas da DIIC em animais permanece desconhecida, as causas mais pesquisadas incluem respostas imunes inadequadas de mucosa, alterações de hipersensibilidade da mucosa, influências dietéticas e microorganismos intestinais. Ocorre mais frequentemente em cães e gatos de meia-idade a idosos. Um dos sinais clínicos mais comuns observados é o vômito, nas doenças intestinais inflamatórias, o vômito é reconhecido como uma ocorrência intermitente por semanas, meses ou anos, quase sempre acompanhado de ânsias, podendo ser fluido claro, biliar ou espumoso, o sangue está raramente presente, se presente pode indicar envolvimento gastrico concomitante (ex. erosões, corpos estranhos, gastrite, neoplasia). Muitos pacientes com DII suave têm uma rotina diária sem mostrar qualquer sinal de desconforto em relação aos episódios de vômito. O segundo sinal mais comum é a diarréia, ela pode ser o sinal mais comum em cães, podendo ser um único sinal clínico ou ocorrer em conjunto com vômitos intermitentes. A diarréia pode ser aguda ou crônica, sendo a última mais comum avalidada, que é responsiva ou temproariamente responsiva a alterações na dieta ou no tratamento sintomático não específico. Deve-se identificar primeiramente se o processo diarreico afeta o intestino delgado, intestino grosso ou ambos. Diarréias do intestino delgado são caracterizadas por grandes quantidades de fezes de consistência mole, volumosas ou aquosas, podendo ocorrer perda de peso e alterações clínicas graves de desidratação, anorexia, apatia e esteatorréia.  As diarréias de origem do intestino grosso são de consistência mole, viscosa, listras intermitentes de sangue fresco podem estar presentes, quantidade pequenas de fezes, com aumento na frequência de tentativa de defecar, defecções em locais anormais, a maioria dos pacientes com diarréia limitada de intestino grosso permanecem ativos e alertas, com apetite normal e não perdem peso. Outros sinais clínicos podem estar presentes como alterações em atitude, atividade, perda de apetite, perda de peso, etc. O diagnóstico diferencial de doenças similares deve ser feito, ex. giardíase crônica, hipertireoidismo, sensiblilidade alimentar, supercrescimento bacteriano, insuficiência pancreática exógena, pitiose, deficiências de cobalamina, etc. Um diagnóstico definitivo de DIIC pode somente ser feito através de biópsia do intestino. Outros testes são feitos para avaliar a condição do paciente e para descarte de outras doenças, hemograma, perfil bioquímico completo, urinálise, coproparasitológicos, mensuração da tiroxina sérica (gatos) e testes para FIV, FELV (gatos). Endoscopia é um importante teste para avaliar a mucosa. Radiografias e Ultrasonografias auxiliam no diagnóstico. O tratamento depende de cada caso, geralmente é feito através de terapia alimentar, drogas imunossupressoras, antibioticoterapia (casos com infecções bacterianas). Animais em tratamento com drogas imunossupressoras à longo prazo devem ser monitorados através de hemograma quanto aos efeitos e complicações. Os casos de DIIC podem ser controlados por longos períodos, porém podem ter recidivas,  necessitando de novos tratamentos.

Qualquer alteração em seu animal procure um Médico Veterinário.



Dra. Mallize Gonçalves
Médica Veterinária
CRMV-SP 21.291

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Pancreatite aguda


A pancreatite aguda é uma enfermidade que resulta da inflamação súbita do pâncreas e que pode ser fatal em sua forma mais severa. Tipicamente acomete cães e gatos de meia idade, embora indivíduos muito jovens ou muito idosos também possam ser acometidos. As raças Terrier, Schnauzer miniatura e os gatos domésticos parecem ser os mais predispostos à pancreatite aguda. São várias as causas de pancreatite, desde dieta com alto teor de gordura, obesidade, traumas, hipercalcemia, medicamentos (ex. brometo de potássio, azatioprina, asparaginaseinfecções, porém na maioria dos casos ela é idiopática (desconhecida). Algumas doenças endócrinas concomitantes (hipotiroidismo, hiperadrenocorticismo ou diabetes melito) aumentam o risco de pancreatite grave fatal em cães. Os sinais clínicos são dor abdominal marcante, anorexia, vômitos, desidratação, até um quadro final de "abdome agudo",  insuficiência potencial de vários órgãos e CID. Deve-se fazer o diagnóstico diferencial para outras causas de abdome agudo especialmente corpos estranho ou obstrução intestinal. Alguns pacientes apresentam a clássica "posição de rezar", mas nem sempre é patognomônico para pancreatite. Exames laboratoriais de rotina (hemograma, bioquímicos e urinálise) tipicamente não auxiliam no diagnóstico específico, porém é muito importante realizá-los em todos os casos, pois propiciam importante informação quanto ao prognóstico e auxiliam no tratamento efetivo. Os testes catalíticos para amilase e lipase e imunoensaios de imunorreatividade são os exames mais específicos  para o pâncreas. Ultrassonografia, análise de fluido abdominal e histopatologia também são utilizados. O tratamento é baseado na gravidade da doença, a pancreatite aguda é uma enfermidade muito severa, com altas taxas de mortalidades e requer cuidados intensivos. Quadros mais moderados podem ser controlados com fluidoterapias e analgésicos. Casos com causas desencadeantes conhecidas deve ser tratada ou removida. Qualquer alteração em seu animal procure um Médico Veterinário.




Dra. Mallize Gonçalves
Médica Veterinária
CRMV-SP 21.291