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sexta-feira, 25 de março de 2011

Cão chama os jornalistas e salva a sua companheira - Sismo/Tsunami Japão


Isso sim é solidariedade, e deveria servir de exemplo para muitas pessoas!

quarta-feira, 23 de março de 2011

Piometra



A piometra é caracterizada por um conteúdo purulento e de variados graus de infiltrado celular inflamatório no útero. É um distúrbio grave, potencialmente letal, devido a septicemia (infecção generalizada) e toxemia (presença de toxinas) que podem se desenvolver rapidamente.  O que desencadeia a piometra ainda não está completamente compreendido. Apesar de a progesterona ter um papel claro no desenvolvimento, essa não é a única explicação. A invasão bacteriana, presumivelmente de origem da flora vaginal, é um importante fator desencadeante. Eschericia coli é o organismo mais comumente isolado de cadelas e gatas com piometra.A piometra é mais comum em cadelas do que em gatas. Idade, terapia hormonal anterior constituem os fatores de risco para desenvolvimento da piometra, as terapias hormonais prévias com contraceptivos, aumentam o risco de piometra. A piometra é classificada em aberta ou fechada, podendo apresentar ou não corrimento vulvar. O grau de aumento uterino é variável. 

Piometra (fonte: www.provet.blogspot.com

Os sinais clínicos são evidenciados no pós cio,os mais comuns são corrimento vulvar purulento ou sanguinolento, letargia (estado de sono prolongado), anorexia, desidratação e vômitos. Febre é relatada em 20% a 30% das cadelas e gatas. O diagnóstico é baseado em sinais clínicos, ultrassonografia e exames laboratoriais. O diagnóstico diferencial mais importante para a piometra é a gestação. A maioria das cadelas e gatas com piometra são de meia-idade ou velhas e podem ter doença renal preexistente e com a isso a toxemia pode levar a uma insuficiência renal grave. A piometra pode induzir uma glomerulonefrite por deposição de imunocomplexos. O tratamento da piometra deve ser rápido e agressivo. Septicemia, toxemia podem se desenvolver e ruptura uterina também pode ocorrer. Antibioticoterapia e fluidoterapia devem ser iniciadas o quanto antes. O tratamento de escolha para piometra é a ovário-histerectomia (castração). Mesmo com o tratamento alguns animais vem a óbito devido aos graves danos metabólicos decorrentes da piometra. Alguns proprietários optam pela não castração, devido ao uso do animal para reprodução. Em casos assim, o tratamento clínico pode ser eficaz, porém esse tratamento não cirúrgico não é indicado, pois a piometra pode ter recorrência. 


Qualquer alteração em seu animal procure um Médico Veterinário!




Dra. Mallize Gonçalves 
Médica Veterinária
CRMV-SP 21.291 

quarta-feira, 16 de março de 2011

Sarna Otodécica (De Ouvido)



É uma doença causada pela infestação de um ácaro Otodectes cynotis, que habita a superfície cutânea e os condutos auditivos. É comum em cães e gatos, com maior incidência em filhotes de gatos. Gatos adultos frequentemente são portadores assintomáticos (não apresentam sinais clínicos). Nota-se acumulo discreto o a acentuado de exsudato ceruminoso ou crostoso de coloração marrom-escura a preta nos condutos auditivos (semelhante a borra de café). A secreção auricular pode se tornar purulenta (pús) se houver otite bacteriana secundária. Os sinais clínicos são prurido intenso (coçeira) o que resulta de alopecia secundária (falta de pêlos) e escoriações nas orelhas e cabeça. Movimentos de agitação da cabeça podem resultar em oto-hematoma. Ocasionalmente, pode haver infestação na pele e ocasionar erupções, prurido, pápulas e crostas. 


Ácaro Otodectes cynotis
O diagnóstico é feito através de exame clínico, otoscopia direta (visualização do ácaro no conduto, pequenas partículas brancas em movimento), reflexo aurículo podal positivo (gatos) e microscopia. O tratamento é feito com parasiticidas otológicos específicos (dose, frequência e duração indicados pelo médico veterinário.), limpeza dos condutos auditivos para remoção de cerúmen acumulado, pode se tentar o tratamento com parasiticidas tópicos para pele para tratar possíveis infestações secundárias. O prognóstico é bom. Ácaros de orelhas são altamente contagiosos para outros gatos e cães, portanto é indicado tratar os animais que tiveram contato com animais contaminados. Ocasionalmente humanos podem-se infectar. Qualquer alteração em seu animal procure um médico veterinário.


Cerúmen marrom-escuro (borra de café)




Dra. Mallize Gonçalves
Médica Veterinária
CRMV-SP 21.291





(Fonte: Dermatologia de Pequenos Animais. São Paulo:Roca, 2003)

quarta-feira, 2 de março de 2011

Diabetes Melito canina

A Diabetes Melito é um distúrbio endócrino comum em cães. Nos cães é comum a ocorrência da DM tipo 1 (dependente de insulina), sendo rara a ocorrência da DM tipo 2 (não pedendende de insulina). As predisposições genéticas, a destruição imunomediada das células beta, os fatores ambientais como agentes infecciosos, doenças e drogas insulino-antagônica, a obesidade induzindo a resistência à insulina e a destruição de células beta, secundárias à pancreatite, são os fatores potenciais predisponentes. A deficiência da insulina é responsável pela manifestação clínica da diabetes melito resultando no aumento da glicose na corrente sanguínea (hiperglicemia). 

A maioria dos cães tem entre 4 e 14 anos no momento diagnóstico e as raças mais predispostas são poodle, yorkshire, schnauzer, lhasa apso, etc. As cadelas são mais afetadas do que os machos, geralmente cadelas diabéticas não castradas é indicada a castração, devido a presença de hormonios que podem antagonizar a insulina. Os cães diabéticos geralmente apresentam quatro tipos de sinais clínicos clássicos poliúria (aumento frequência urinária), polidipsia (aumento da ingestão de água), polifagia (aumento da ingestão de alimentos) e perda de peso (pela diminuição da glicose nos tecidos). Esses sinais podem passar despercebido pelos proprietários ou serem considerados irrelevantes. Geralmente o proprietário traz o animal por causa da cegueira com início súbito causada pela catarata ou por causa do desenvolvimento de sintomas agudos de doenças sistemas (decorrente da cetonemia e da cetoacidose metabólica). 

Catarata madura secundária a Diabetes
Fonte: www.marvistavet.com
O diagnóstico da DM é baseado na presença de sintomas clínicos associados a evidente hiperglicemia (jejum) e glicosúria (glicose na urina). Uma avaliação clínica completa de rotina é recomendada após o diagnóstico da DM, para que se possa identificar qualquer doença que possa estar causando ou contribuindo para o estado diabético. Uma avaliação laboratorial mínima deve incluir: hemograma completo, bioquímica sérica, urinálise com cultura bacteriana, ultrasonografia abdominal para verificar a existência de  pancreatite, adrenomegalia, piometra, alterações hepáticas, etc. Após o diagnóstico de DM estabelecido, os cães devem ser considerados como DMID devendo-se iniciar o tratamento com insulina. A dieta, exercícios físicos e o tratamento com insulina são pontos chaves do tratamento. Existem diversos tipos de insulina com origens diferentes (suína, humana, bovina) e tipos diferentes (intermediária, lenta, ultra-lenta). As de origem bovinas não são indicadas em cães devido o risco da formação de anticorpos anti-insuliníco (ocasiona ineficácia da insulina). As de primeira escolha geralmente são as intermediárias (NPH ou lenta), suína  ou humana. As dose variam com a necessidade de cada paciente, geralmente inicia-se com menor dose e sempre antes da alimentação. A adaptação ao tratamento com insulina pode levar tempo e a necessidade da realização da curva glicêmica é feita para ajustar doses. A correta armazenagem, conservação, modo aplicação são fundamentais para eficácia da insulina. 


O fator da dieta tem como objetivo tratar ou prevenir obesidade, minimizar o aumento da glicemia pós-prandial e manter as necessidades calóricas diárias, o alimento ideal é aquele que apresenta maior porcentagem de fibras, carboidratos digeríveis, com diminuição de gordura e proteína adequada. Encontramos diversas rações comerciais balanceadas para animais diabéticos entre elas Hill's s w/d, Royal Canina diabetic, etc. O exercício é fundamental para perda de peso e diminuição da resistência à insulina. O cão diabético deve ser monitorado rotineiramente para complicações comuns (cataratas, infecção urinária, pancreatite, cetoacidose, lipidose hepática) e complicações de tratamento (efeito somoghyi, hipoglicemia e persistência dos sinais)  avaliação de sinais clínicos e satisfação do proprietário. É importante a realização de exames laboratorias como curva glicêmica (método ideal para avaliar a glicose), dosagem de frutosamina (proteína que se liga a glicose e age como "espião" desta no sangue). A chave para o sucesso no tratamento da DM é baseada em saber explicar e ensinar, fazer revisões periódicas e ter paciência!







Dra. Mallize Gonçalves
Médica Veterinária
CRMV-SP 21.291



(Fonte-Manual de Endocrinologia Canina e Felina (Mooney,Peterson)