A Cinomose é uma doença viral nfecto-contagiosa que acomete cães domésticos e canídeos silvestres, principalmente filhotes, pela falta de imunização. O vírus da cinomose é um paramixovírus, que afeta o SNC dos cães. A transmissão é feita por contato direto, pelo ar, ou fômites. Os sinais clínicos são variáveis, depende-se da virulência da cepa viral, das condições ambientais, idade e estado imunológico. Podendo ser generalizados e graves em filhotes não vacinados. Na maioria das vezes os primeiros sinais são secreção nasal ou ocular, tosse seca, podendo se resultar em pneumonia. Cães acometidos apresentam depressão, inapetência e com frequência febre, diarréia pode ocorrer, pústulas abdominais, hiperceratose de coxins e narinas é comum.
Os sinais neurológicos se desenvolvem geralmente 1 a 3 semanas depois da recuperação sistêmica, e a evolução para o quadro neurológicos, vai depender da imunidade do animal, não necessariamente todos os casos irão evoluir para o quadro neurológico, isso depende de cada caso e da resposta de cada animal, já atendi pacientes que não evoluíram para o quadro neurológico e já atendi pacientes que evoluíram diretamente para o quadro neurológico sem envolvimento respiratório, quanto antes o diagnóstico, maiores as chances do animal. Os acometimentos neurológicos são convulsões, demência, desorientação, tetraparesia, ataxia e doenças cerebelares vestibulares. As convulsões podem ser de vários tipos, porém as mais comuns são as generalizadas. A mioclonia (contrações musculares repetitivas) é comum em cães com encefalomielite pela doença. Pode-se observar uveíte anterior em alguns cães. Animais idosos podem desenvolver encefalomielite crônica meses ou anos após se recuperarem de uma infecção pelo vírus da cinomose, apresentando tetraparesia, disfunção vestibular sem sinais sistêmicos o diagnóstico se baseia em histórico, exame clínico e exames laboratoriais como hemograma que pode estar normal ou revelar linfopenia grave, ou detecção de corpúsculos em eritrócitos e linfócitos circulantes. Aconselha-se a realização do PCR (pesquisa do vírus no sangue) caso hemograma resulte em normal.
O tratamento é baseado nos sinais clínicos, antibióticos para quadros infecciosos secundários, polivitamínicos, imunoestimulantes, terapias anticonvulsionantes para controle das convulsões e outros tratamentos neurológicos. O importante é conseguir manter a imunidade do animal para não haver complicações e consequentementes óbitos. A prevenção é feita através de corretos esquemas de vacinação quando filhotes e adulto. Animais curados podem eliminar o vírus por meses, portanto a vacinação de todos os animais da residência é importante. O vírus não resiste por um ano no ambiente como ouvimos por aí, ele é sensível ao hipoclorito de sódio (água sanitária). A desinfecção do ambiente é fundamental para a colocação de novos animais.
Hiperceratose narinas |
Quadro convulsivo |
Dra. Mallize Gonçalves
Médica Veterinária
CRMV-SP 21.291