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quarta-feira, 2 de março de 2011

Diabetes Melito canina

A Diabetes Melito é um distúrbio endócrino comum em cães. Nos cães é comum a ocorrência da DM tipo 1 (dependente de insulina), sendo rara a ocorrência da DM tipo 2 (não pedendende de insulina). As predisposições genéticas, a destruição imunomediada das células beta, os fatores ambientais como agentes infecciosos, doenças e drogas insulino-antagônica, a obesidade induzindo a resistência à insulina e a destruição de células beta, secundárias à pancreatite, são os fatores potenciais predisponentes. A deficiência da insulina é responsável pela manifestação clínica da diabetes melito resultando no aumento da glicose na corrente sanguínea (hiperglicemia). 

A maioria dos cães tem entre 4 e 14 anos no momento diagnóstico e as raças mais predispostas são poodle, yorkshire, schnauzer, lhasa apso, etc. As cadelas são mais afetadas do que os machos, geralmente cadelas diabéticas não castradas é indicada a castração, devido a presença de hormonios que podem antagonizar a insulina. Os cães diabéticos geralmente apresentam quatro tipos de sinais clínicos clássicos poliúria (aumento frequência urinária), polidipsia (aumento da ingestão de água), polifagia (aumento da ingestão de alimentos) e perda de peso (pela diminuição da glicose nos tecidos). Esses sinais podem passar despercebido pelos proprietários ou serem considerados irrelevantes. Geralmente o proprietário traz o animal por causa da cegueira com início súbito causada pela catarata ou por causa do desenvolvimento de sintomas agudos de doenças sistemas (decorrente da cetonemia e da cetoacidose metabólica). 

Catarata madura secundária a Diabetes
Fonte: www.marvistavet.com
O diagnóstico da DM é baseado na presença de sintomas clínicos associados a evidente hiperglicemia (jejum) e glicosúria (glicose na urina). Uma avaliação clínica completa de rotina é recomendada após o diagnóstico da DM, para que se possa identificar qualquer doença que possa estar causando ou contribuindo para o estado diabético. Uma avaliação laboratorial mínima deve incluir: hemograma completo, bioquímica sérica, urinálise com cultura bacteriana, ultrasonografia abdominal para verificar a existência de  pancreatite, adrenomegalia, piometra, alterações hepáticas, etc. Após o diagnóstico de DM estabelecido, os cães devem ser considerados como DMID devendo-se iniciar o tratamento com insulina. A dieta, exercícios físicos e o tratamento com insulina são pontos chaves do tratamento. Existem diversos tipos de insulina com origens diferentes (suína, humana, bovina) e tipos diferentes (intermediária, lenta, ultra-lenta). As de origem bovinas não são indicadas em cães devido o risco da formação de anticorpos anti-insuliníco (ocasiona ineficácia da insulina). As de primeira escolha geralmente são as intermediárias (NPH ou lenta), suína  ou humana. As dose variam com a necessidade de cada paciente, geralmente inicia-se com menor dose e sempre antes da alimentação. A adaptação ao tratamento com insulina pode levar tempo e a necessidade da realização da curva glicêmica é feita para ajustar doses. A correta armazenagem, conservação, modo aplicação são fundamentais para eficácia da insulina. 


O fator da dieta tem como objetivo tratar ou prevenir obesidade, minimizar o aumento da glicemia pós-prandial e manter as necessidades calóricas diárias, o alimento ideal é aquele que apresenta maior porcentagem de fibras, carboidratos digeríveis, com diminuição de gordura e proteína adequada. Encontramos diversas rações comerciais balanceadas para animais diabéticos entre elas Hill's s w/d, Royal Canina diabetic, etc. O exercício é fundamental para perda de peso e diminuição da resistência à insulina. O cão diabético deve ser monitorado rotineiramente para complicações comuns (cataratas, infecção urinária, pancreatite, cetoacidose, lipidose hepática) e complicações de tratamento (efeito somoghyi, hipoglicemia e persistência dos sinais)  avaliação de sinais clínicos e satisfação do proprietário. É importante a realização de exames laboratorias como curva glicêmica (método ideal para avaliar a glicose), dosagem de frutosamina (proteína que se liga a glicose e age como "espião" desta no sangue). A chave para o sucesso no tratamento da DM é baseada em saber explicar e ensinar, fazer revisões periódicas e ter paciência!







Dra. Mallize Gonçalves
Médica Veterinária
CRMV-SP 21.291



(Fonte-Manual de Endocrinologia Canina e Felina (Mooney,Peterson)

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